ISDB-Tb é muito mais que um padrão de TV digital. A solução nipo-brasileira é um sistema multimídia que permite a convergência dos antigos serviços de rádio e televisão. Além disto, possibilita a transmissão de dados para a interatividade mais avançada possível no mundo, através o middleware Ginga.

O ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting) possui uma flexibilidade para abrigar o chamado rádio digital:ISDB-Tsb (Terrestrial Segmented Band ou Terrestrial for Sound Broadcast).

ISDB permite transmissões HDTV, SDTV, mobile LDTV e Rádio DigitalISDB permite HDTV, SDTV, mobile LDTV e Rádio Digital

Serviços multimídia no ISDB-TsbServiços multimídia no ISDB-Tsb

ISDB-Tsb, ou N-ISDB (Narrowband ISDB), usa os 13 segmentos do ISDB para o rádio digital. É possível transmitir áudio com três segmentos (1290 kHz) ou com apenas um (430 kHz). A configuração do uso de 1 segmento para cada estação permite que os canais de rádio digital possam ser captados por receptores de TV Digital móvel, o chamado One Seg.

Resultado dos testes do Sistema Globo de Rádio em São PauloResultado dos testes do rádio digital AM em São Paulo

Testes do rádio digital AM são ruins

O Sistema Globo de Rádio considerou muito ruins os testes, tanto do DRM como do HD Radio (IBOC da iBiquity), do rádio digital na faixa de frequências de OM (Ondas Médias), popularmente conhecida pelas emissoras que operam em AM (Amplitude Modulada – 525 a 1.705 kHz). As interferências, cada vez mais fortes nas grandes cidades, impossibilitariam a recepção do rádio digital nesta faixa.

Estas interferências não atrapalham tanto a faixa de VHF, onde atualmente estão presentes as rádios FM (88 a 108 MHz) e os canais 2 a 13 (54 a 216 MHz) de televisão.

 

ISDB-Tsb em 9 países da América do SulISDB-Tb em 9 países da América do Sul

ISDB-Tb (ou SBTVD) foi adotado por 12 países na América Latina, totalizando 370 milhões de habitantes:

  • Brasil
  • Argentina
  • Peru
  • Venezuela
  • Chile
  • Equador
  • Guatemala
  • Costa Rica
  • Paraguai
  • Bolívia
  • Nicarágua
  • Uruguai

E ainda, existe a possibilidade da adoção por países africanos de língua portuguesa como Angola e Moçambique, além de Botsuana. O diferencial é que lá um canal de televisão possui 8 MHz e não os 6 MHz da América Latina. Testes realizados na TPA(TV Pública de Angola) tiveram sucesso.

Receptores ISDB são baratos e convergentes

Rádios podem ser captadas por receptor de TV digital móvel - One SegRádios podem ser captadas por receptor de TV digital móvel One Seg e por televisores

O ISDB-Tb já está integrado a outros serviços, como telefonia móvel e navegadores por satélite. Existem diversos modelos a venda de celulares e aparelhos de GPS com TV digital One Seg. Há também receptores para notebooks, os chamados PenTV.

Veja a lista comparativa de preços de receptores:

  • DRM – 200 euros – 455 reais
  • HD Radio (IBOC) – Entre 49 e 199 dólares – 78 e 319 reais
  • ISDB-Tb One Seg (TV) – Entre 99 e 299 reais

O problema é que os receptores One Seg que estão no mercado brasileiro só recebem o segmento central, ou sejam apenas um segmento dos 13 disponíveis.

Rádio no VHF e TV no UHF

ISDB-Tsb pode usar 1 ou 3 segmentos dos 13 disponíveisISDB-Tsb pode usar 1 ou 3 segmentos dos 13 disponíveis

O SBTVD utiliza a banda de UHF para o serviço de faixa larga, como televisão SD (480 linhas), HD (720 linhas) ou Full HD (1080 linhas de resolução). Em 2016, todas as emissoras de TV serão digitais e ocuparão  o UHF, deixando vagas as frequências no VHF.

Muito se discute sobre o uso do VHF após a digitalização da TV. As operadoras de telefonia estão de olho neste espaço e os radiodifusores não querem abrir mão, mas não têm uma resposta unificada sobre a destinação da banda.

Uma solução seria usar o VHF para a transmissão do rádio digital. O Japão testou o ISDB-Tsb em 4 MHz do canal 7 em Osaka e Tokyo com sucesso. Estes testes terminaram  em 31 de março de 2011.

 

 

Japão: Rádio no VHF e TV no UHFJapão: Rádio no VHF e TV no UHF

 

 

A recepção do rádio digital na faixa de VHF é possível pois a transmissão do áudio acontece em faixa estreita, já uma transmissão de vídeo não é recomentada, pois é banda larga.

Operador de rede para transmissão

Operador de rede no Rádio Digital com ISDB-TsbOperador de rede no Rádio Digital com ISDB-Tsb

Um canal de 6 MHz do ISDB (com 13 segmentos) pode carregar vários sinais de áudio com 1 ou 3 segmentos cada. Mas, para tal, é preciso que a infraestrutura de transmissão seja compartilhada por mais de uma emissora através de um operador de rede.

Operador de Rede (multiplex service) é comum na Europa, onde as emissoras públicas são fortes, e possui muitos benefícios:

  • Redução dos custos de transmissão
  • Menor impacto na natureza (menos antenas)
  • Isonomia na prestação do serviço
  • Facilidade de fiscalização
  • Melhor utilização do espectro eletromagnético (otimização)
BBC - Operador de Rede no Rádio DigitalBBC – Operador de Rede no Rádio Digital

No Brasil, existe a possibilidade de as rádios públicas,culturais, comunitárias, educativas e estatais serem transmitidas através de um Operador de Rede de Televisão Pública Digital, instituído pela Portaria 24/2009 do Ministério das Comunicações. Esta decisão do MiniCom reserva os canais UHF 60 a 69 (746 a 806 MHz) para as TVs públicas e as autoriza a fazer multiprogramação.

Padrão de áudio AAC

ACC (Advanced Audio Coding) é um dos mais modernos padrões de compressão de áudio existentes. Ele está presente no ISDB, no DRM e no DMB (DAB+). Por meio deste codec, é possível transmitir um áudio de alta qualidade com 144 kbps, ou até uma multiprogramação.

Multiprogramação ISDB-Tsb para Rádio Digital AAC

Transmissão de baixa potência para rádios comunitárias

Um dos grandes problemas dos padrões de rádio digital é a inadequação para emissoras de baixa potência, como rádios comunitárias (25W).

O ISDB tem uma configuração de SFN (rede de frequência única), possibilitando que várias geradoras utilizem a mesma frequência sem que uma interfira na outra. O SFN (single-frequency network) pode funcionar com diversos transmissores de baixa potência, chamados de Gap-Fillers. A ideia original é que os gap-fillers cubram as sombras (ou buracos) na transmissão em UHF, que não supera obstáculos como morros e bairros com muitos prédios.

Comparação dos custos de migração para o rádio digital:

  • DRM – US$ 70 a 90 mil
  • HD Radio (IBOC) – US$ 35 mil + US$ 5 mil (do software) = US$ 40.000
  • ISDB-Tb – US$ 25 a 83 mil

Saiba mais

Arthur William Cardoso Santos
Arthur William Cardoso Santos

Arthur William Santos é mestre em Educação, Cultura e Comunicação (UERJ), pós-graduado no MBA de TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF), graduado em Comunicação Social / Jornalismo (PUC-Rio) e técnico em eletrônica (CEFET-RJ). Foi gerente executivo de Produção, Aquisição e Parcerias na EBC, além de gerenciar o setor de Criação de Conteúdos e coordenar as Redes Sociais da TV Brasil. Liderou também a área de Inovação/Novos Negócios na TV Escola. Atuou ainda na criação do Canal Educação e do Canal LIBRAS para o Ministério da Educação (MEC). Fez cursos presenciais em Harvard e Stanford sobre Inovação na Educação. Deu aulas em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades UniCarioca, Unigranrio, FACHA, INFNET e CEFOJOR (Angola). É membro da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).

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