A euforia inicial com a IA Generativa levou à crença de que estas ferramentas substituiriam os seres humanos, numa espécie de “piloto automático”, contudo uma dinâmica que tem ganhado força leva a crer que a IA se portará mais como um “copiloto”. Este conceito ajuda a entender a relação entre humanos e máquinas, na medida em que os copilotos atuam no auxílio do comandante. Esta delegação de tarefas ao “copiloto” não retira o protagonista do piloto, mas permite que ele se engaje nas atividades mais importantes.

A existência de um copiloto em um avião aumenta a segurança em momentos críticos, a detecção de problemas e a indicação de possíveis caminhos para sua resolução. O copiloto é um auxiliar do comandante. Todas as suas sugestões são avaliadas e decididas pelo piloto.

Deste modo, as projeções de ficção científica em que os profissionais seriam substituídos por avatares sintéticos automatizados não é válida por hora. Na área da Saúde, a IA Generativa possibilitaria que o médico gaste mais tempo na comunicação com o paciente e menos tempo preenchendo prontuários e relatórios graças à capacidade da máquina em analisar o conteúdo da conversa através de técnicas como speech analytics e text mining.

As ferramentas de IA Generativa, portanto, ajudariam no preenchimento automático de prontuários e outros documentos. Grosso modo, seria como se estivesse pedindo para um residente esboçar um relatório que seria revisado posteriormente pelo médico.

A capacidade de síntese da IA Generativa também pode reduzir as falhas de comunicação durante um “handoff” ou um “handover” de pacientes, momento em que há transferência de médico, de turno, de hospital ou de unidade (UTI, quarto, etc), garantindo um elevado nível de informação entre todas as equipes que acompanham a jornada do paciente.

O paciente pode ainda ter seus exames explicados por meio de linguagem personalizada, proporcionando uma facilitação na literacia em Saúde.

A própria Educação já está se adaptando à chegada da IA Generativa. Ao invés de proibir o uso do ChatGPT em trabalhos escolares, alguns professores propõem que os alunos gerem textos pela plataforma e revisem as respostas dadas pelo robô a fim de encontrar erros nos textos produzidos por IA.

O livro “The AI Revolution in Medicine GPT-4 and Beyondm”, de Peter Lee, Carey Goldberg e Isaac Kohane, traz uma cena hipotética de um residente sendo orientado pelo GPT-4 durante uma situação de emergência.

Ainda é muito cedo para prever todas as possibilidades de uso da IA Generativa na Saúde, mas numa área tão sensível, é preciso estar atento aos limites desta tecnologia.

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REFERÊNCIAS:

LEE, P; GOLDBERG, C; KOHANE, I. The AI Revolution in Medicine: GPT-4 and Beyond. Pearson Education; 2023.

SANTOS, A. W. C.. Inteligência Artificial Generativa, dados pessoais e Literacia Digital em Saúde: possibilidades, desigualdades e limites. Disponível em: https://arthurwilliam.com.br/wp-content/uploads/2023/05/Inteligencia-Artificial-Generativa-dados-pessoais-e-Literacia-Digital-em-Saude-Arthur-William-Cardoso-Santos.pdf. Acesso em: 31 mai. 2023.

Arthur William Cardoso Santos
Arthur William Cardoso Santos

Arthur William Santos é mestre em Educação, Cultura e Comunicação (UERJ), pós-graduado no MBA de TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF), graduado em Comunicação Social / Jornalismo (PUC-Rio) e técnico em eletrônica (CEFET-RJ). Foi gerente executivo de Produção, Aquisição e Parcerias na EBC, além de gerenciar o setor de Criação de Conteúdos e coordenar as Redes Sociais da TV Brasil. Liderou também a área de Inovação/Novos Negócios na TV Escola. Atuou ainda na criação do Canal Educação e do Canal LIBRAS para o Ministério da Educação (MEC). Fez cursos presenciais em Harvard e Stanford sobre Inovação na Educação. Deu aulas em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades UniCarioca, Unigranrio, FACHA, INFNET e CEFOJOR (Angola). É membro da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).

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