A digitalização da transmissão era apresentada como a solução para o rádio do futuro, congregando áudio de alta qualidade e serviços adicionais como textos, fotos e pequenos vídeos, Contudo, os padrões de rádio digital disponíveis não demonstram grandes novidades em relação à experiência da Internet. DAB/DMB, DRM, HD Radio/IBOC e ISDB-Tsb mantêm a comunicação unidirecional, ponto-a-massa e linear. Além disso, não aumentam significativamente a oferta de canais no espectro eletromagnético. Há também outra barreira: o preço. Os transmissores digitais e os receptores são muito caros. Em todos os países em que foi implementado, o rádio digital não teve sucesso. Em Portugal, por exemplo, é pensado o desligamento das transmissões digitais.

O Sistema Globo de Rádio considerou muito ruins os testes, tanto do DRM como do HD Radio (IBOC da empresa iBiquity), do rádio digital na faixa de frequências de OM (Ondas Médias), popularmente conhecida pelas emissoras que operam em AM (Amplitude Modulada – 525 a 1.705 kHz). As interferências, cada vez mais fortes nas grandes cidades, impossibilitariam a recepção do rádio digital nesta faixa. Emissoras como a Jovem Pan descartam o uso do Rádio Digital e apostam suas fichas na internet.

Com a popularização de dispositivos móveis como celulares e reprodutores de MP3, a música torna-se commodity. Outro fenômeno que impacta o serviço de rádio é sua redução no bolo publicitário (4% do total) e a crise do modelo de financiamento das emissoras comerciais.

Dentro deste cenário, as rádios comunitárias se diferenciam por seu conteúdo local, produção própria e financiamento que não depende da publicidade comercial, o que é proibido por lei. Sua articulação com Pontos de Cultura, Universidades Públicas e outras políticas públicas é a saída para que se transformem em Centrais Públicas de Comunicação, com produção de conteúdo comunitário multiplataforma, otimizando recursos e elevando o alcance das informações.

Arthur William Cardoso Santos
Arthur William Cardoso Santos

Arthur William Santos é mestre em Educação, Cultura e Comunicação (UERJ), pós-graduado no MBA de TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF), graduado em Comunicação Social / Jornalismo (PUC-Rio) e técnico em eletrônica (CEFET-RJ). Foi gerente executivo de Produção, Aquisição e Parcerias na EBC, além de gerenciar o setor de Criação de Conteúdos e coordenar as Redes Sociais da TV Brasil. Liderou também a área de Inovação/Novos Negócios na TV Escola. Atuou ainda na criação do Canal Educação e do Canal LIBRAS para o Ministério da Educação (MEC). Fez cursos presenciais em Harvard e Stanford sobre Inovação na Educação. Deu aulas em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades UniCarioca, Unigranrio, FACHA, INFNET e CEFOJOR (Angola). É membro da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).

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