Transmedia storytelling é a construção de uma narrativa transmidiática em que é contada uma história diferente para cada plataforma.
Está na moda a tal da transmídia e olha que muita gente ainda confunde com o crossmedia, onde um mesmo conteúdo é distribuído para várias plataformas.
A TV Brasil possui uma experiência neste sentido que é a minissérie Natália. A personagem que dá nome ao programa possui um blog, o Diário de Natália, no qual escreve, em primeira pessoa, quatro posts por semana (a série é transmitida aos domingos):
- 1° post imediatamente após o episódio ir ao ar com o principal eixo do capítulo
- 2° post na terça-feira com relato sobre os acontecimentos passados
- 3° post na quinta-feira com relato sobre os acontecimentos passados
- 4° post a dois dias do próximo episódio, já preparando o público para o desenrolar da trama
Através do blog, a personagem pode mediar polêmicas levantadas na tela, como religião, homossexualidade (há dois beijos homoafetivos na trama), pobreza e aborto. Como a série já está toda gravada, a personagem pode contornar conflitos pela web, o que não seria possível no produto audiovisual.
Para cuidar do diário, foi contratada uma profissional que leu o roteiro e assistiu a todos os capítulos antes de Natália ir ao ar. No caso, isto ocorreu porque a ação transmídia só foi construída após a produção da minissérie.
Natália usa Facebook para comentar cenas
Na rede social Facebook, Natália possui um perfil onde faz chamadas para o blog e opina sobre situações vividas pela personagem.
Por exemplo, Natália postou uma foto do casamento do príncipe William com Kate Middleton, ocorrido após as gravações da série, e utilizou a seguinte legenda: “Um casamento tipo Branca de Neve é o sonho de muitas garotas da minha idade“.

Arthur William Santos é mestre em Educação, Cultura e Comunicação (UERJ), pós-graduado no MBA de TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica (UFF), graduado em Comunicação Social / Jornalismo (PUC-Rio) e técnico em eletrônica (CEFET-RJ). Foi gerente executivo de Produção, Aquisição e Parcerias na EBC, além de gerenciar o setor de Criação de Conteúdos e coordenar as Redes Sociais da TV Brasil. Liderou também a área de Inovação/Novos Negócios na TV Escola. Atuou ainda na criação do Canal Educação e do Canal LIBRAS para o Ministério da Educação (MEC). Fez cursos presenciais em Harvard e Stanford sobre Inovação na Educação. Deu aulas em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades UniCarioca, Unigranrio, FACHA, INFNET e CEFOJOR (Angola). É membro da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).
Acho sensacional a iniciativa da TV Brasil. Lembro de algumas tentativas de uso dessa narrativa por aqui, mas sem muito exito. Vale lembrar que o seriado Lost utilizou dessa linguagem durante seus 6 anos de exibição. Além dos episódios exibidos. Websites, blogs misteriosos e até vinhetas no horário nobre norte-americano, exibiam histórias paralelas e verdadeiros jogos em redes sociais, com personagens novos interagindo com o público e que no fim acabaram se mostrando envoltos a trama da TV. A forma com que as pessoas descobriam, ou não, as pistas dadas nessa trama paralela interferia com a continuação da série na TV. Isso de certa forma obrigava a interação com as demais mídias, o que ao meu ver, estimula a valorização da comunicação no país. Pena que apenas a série chegou para nós. ^^