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Os jornalistas Gustavo Gindre e Arthur William abordaram o tema da internet sem ilusões nem otimismo. Apesar de oferecerem avanços e possibilidades de interação e acesso à informação, eles reconheceram que os riscos são muitos, já que a rede está na mão das grandes empresas transnacionais de comunicação. Ameaças à privacidade, ilusão de que não há mediação e dificuldades de regulação foram alguns dos temas abordados pelos palestrantes.

Inteligência artificial

Em sua intervenção, o jornalista Arthur William destacou o aspecto da inteligência artificial. “O Google sabe onde eu moro e acompanha o que faço em boa parte do dia. Sabe os locais por que passo, tem todas essas informações e gera conteúdo para a gente. Hoje em dia existem mecanismos que pensam por nós, como o Easy [aplicativo que dá orientações de como transitar pela cidade]”. Segundo ele, essas informações coletadas a respeito de nosso cotidiano têm impactado inclusive na educação: grupos têm desenvolvido o chamado “ensino adaptativo”, baseado nos gostos e nas escolhas dos indivíduos. “Caso esse tipo de ensino se torne hegemônico, em breve palavras como ‘diversidade’, ‘contraditório’ e ‘inesperado’ poderão ser coisas do passado”, postou Gindre em sua rede social inspirado pela fala de Arthur.

Arthur William também chamou a atenção dos presentes quanto ao uso que fazemos do Facebook. “O Mark Zuckerberg quer que a internet seja o Facebook. Não precisamos mais de blog, pois criaram a Fan Page. Lá se publicam fotos, vídeos e possibilita que se façam até transmissões ao vivo, tudo muito prático”. Mas, como ele explicou, o Facebook é um “jardim murado”: as postagens ficam restritas a essa rede social, não são detectadas em mecanismos de busca e se perdem com o tempo. “Temos que tomar cuidado, pois nossa interação na internet está se resumindo a essa rede social. Há, ainda, um impacto negativo na memória social dos trabalhadores e de suas entidades: aquelas informações podem se perder a qualquer momento”. Por isso, deu uma sugestão aos sindicatos presentes: além de investirem nas suas páginas, blogs e até na troca de mensagens por SMS, devem desenvolver aplicativos de suas entidades, já que, hoje em dia, a maioria das pessoas acessa a internet via celular.

Para não ficar apenas nos exemplos negativos, William sugeriu, como saída, o uso de software livre e a criação de sites e aplicativos por parte de cada entidade. Regulamentar o marco civil, assim como disse Gindre, também é um caminho importante. Eles identificam ainda a necessidade de se educar o indivíduo e os movimentos sociais sobre os riscos de exposição na rede. “Um dos elementos que contribuíram para a derrota da Hilary Clinton foi o fato de ela ter usado o e-mail individual na troca de mensagens sobre o governo. Os norte-americanos sabem muito bem do impacto da guerra de informações”, lembrou Gindre. Por fim, para quem quiser saber mais sobre o assunto, ele indicou o filme Freenet