SET Sudeste 2018: TV e plataformas de streaming se complementam

Painel analisa as perspectivas, soluções e estrategias adotadas por emissoras e produtoras de conteúdo frente as mudanças de hábitos de consumo e surgimento das plataformas de streaming

Se existe uma vantagem gritante no avanço do mundo tecnológico ela está na quantidade de possibilidades para consumo de conteúdo. Celulares, vídeos on demand (VoD), OTT e binge-watching têm ampliado as chances de se consumir conteúdo sem precisar ficar amarrado à uma plataforma, e o preço de tudo isso têm se mostrado mais atrativo com a popularização dessas tecnologias.

“Estamos falando da Netflix. É impossível falar de tudo isso sem falar desta plataforma. Mas como ela alcançou tudo isso? Sendo simpática não só na sua plataforma, mas também no atendimento. E é isso que nós, empresas, precisamos e estamos aprendendo”, afirmou o moderador do painel, Arthur William Santos, gerente executivo de Produção e Criação na EBC/TV Brasil.

Santos explicou que mais da metade do consumo de conteúdo para entretimento hoje é feito pelos Millenials (geração nascida depois dos anos 2000) e, com isso, a quebra de paradigma é muito grande. “Precisamos entender o que esse público quer, e levar em conta seus hábitos de consumo, que são quase 100% realizados no mobile”, pontuou.

Guilherme Saraiva, diretor de Tecnologia da Rede Telecine explicou que, foi preciso mudar o pensamento que as empresas têm com o seu cliente. “Uma vez ouvi uma frase bastante dura: ‘cliente é aquele que paga pelo seu serviço, telespectador é mercadoria que você vende para o seu cliente’. Dura, mas tivemos que ter isso em mente para que começássemos a mudar a nossa relação com o nosso assinante, deixar de vê-lo como produto para produzir produto para ele. No Telecine Play, por exemplo, precisamos criar uma plataforma mais amigável e fofa, como a Netflix, para que o nosso público passasse a consumir o que oferecíamos ali”, comentou.

O resultado, disse, foi uma nova plataforma lançada em 30 de outubro de 2017, na qual o cliente é o foco do serviço. Esse serviço também passa por outra aferição de qualidade, baseado nos horários e qualidade dos conteúdos, feita pelo Kantar Ibope, por exemplo.

“Nunca investimos tanto na medição de conteúdo, que agora é multiplataforma, não está mais apenas na TV tradicional, mas no mobile, que vem com uma força muito grande, no notebook, enfim, em todas as telas. Estamos evoluindo nessa medição a partir da aferição de conteúdo. Se o conteúdo é interessante, consegue se conectar com seu público alvo, ele tem atenção e audiência. Os promotores de conteúdo precisam, então, estar focados nisso”, apontou Giovana Alcântara, diretora comercial regional sudeste da Kantar IBOPE Media. “No Brasil, com a televisão muito forte, a tendência é que esse conteúdo vá também para outras plataformas”, acrescentou.

O que, afinal, se acessa pelo celular?
Dados apresentados pelo diretor de conteúdo e editor da MobileTime, Fernando Paiva, apontam que, de 2015 para cá, diminuiu o número de linhas móveis vendidas à população brasileira, mas não o uso de celulares. “A grande diferença é que antigamente a ligação era muito cara e as pessoas possuíam chips de várias operadoras em um único aparelho. Hoje, com a ligação barateada, as prestadoras de serviços oferecem planos com melhor transferência de dados, e é aí que os produtos estão sendo consumidos, pela internet”, explicou.

Os dados da pesquisa apresentada são da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), e preveem uma diminuição de 30 milhões de linhas nos próximos três (3) anos. De acordo com a pesquisa, 92% das vendas de celulares hoje no País são de smartphones. Desses, 98% já baixaram e instalaram um App, mas só 1/5 dessa base já pagou por um aplicativo. Quanto à popularidade dos Apps, o Whatsapp lidera com 63% de pessoas fazendo o download, seguido pelo Instagram, Facebook e Messenger do Facebook. “E mesmo assim, ainda existem poucas estratégias utilizando o Whatsapp, é interessante ver isso”, analisou o moderador do painel, Arthur William Santos.

Quanto a Apps pagos, os de entretenimento lideram a pesquisa, já que “32% baixam e pagam por estes aplicativos, que podem ser vídeo, música ou game. Destes, 1/3 do total optam pela Netflix, que desde o início das pesquisas lideram essa lista e seu consumo vêm crescendo. Ao Spotify correspondem a 2/3 do total, e depois, bem longe, tem uma parcela que prefere o Deezer”, mostrou Paiva.

E a televisão aberta?
“Contrariando algumas teses, podemos afirmar que a televisão não vai acabar. Esse mesmo diagnóstico de fim foi feito para o rádio, no passado, e não se efetivou. Por isso, o grande desafio de todos os meios é produzir conteúdo que consiga transitar em todas as plataformas”, finalizou Giovana Alcântara.

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