por Arthur William Cardoso Santos | nov 10, 2014 | Comunicação Comunitária, convergência
Twitcasting, Hangout, Ustream, Twitcam, Livestream, Bambuser… são muitas as possibilidades de transmissão ao vivo pela internet. Cada solução de streaming é mais apropriada para uma ocasião específica. Vou explicar um pouco melhor cada uma delas.
- Melhor para: atividade de rua como protestos, eventos não planejados (pode transmitir do próprio celular).
- Indicações: transmitir ao vivo a negociação entre a representação patronal e uma comissão após passeata (ajuda a manter a mobilização e a viralizar a ação) ou protesto.
- Benefícios: leve (com qualquer 3G é possível trasmitir) e interativa (possui chat com comentário de Facebook e Twitter).
- Pontos negativos: baixa qualidade de vídeo e som ruim no celular (por conta do microfone ambiente e direcionado para quem segura o smartphone).
- Melhor para: eventos planejados (com internet banda larga fixa) e debates a distância (com participantes em cidades diferentes).
- Indicações: transmissão de assembleias, debate com convidados cada um em sua casa (ideal para sindicatos estaduais e nacionais) e oficinas práticas.
- Benefícios: alta definição de vídeo (HD), muda de câmera automaticamente para quem estiver falando, permite mudar de câmera manualmente, é possível compartilhar a tela (ideal para oficinas e tutoriais), já salva a transmissão no YouTube, quem chegar atrasado pode voltar a transmissão para o início e ajusta a qualidade automaticamente de acordo com a velocidade da internet.
- Pontos negativos: pesado (requer uma internet no mínimo boa), só transmite até 8 horas seguidas (para um evento de um dia inteiro é preciso abrir um novo hangout) e transmissão é fechada se internet cair (será preciso abrir novo hangout).
- Melhor para: transmitir durante vários dias.
- Indicações: Web TVs, Web Rádios e congressos de vários dias.
- Benefícios: permite escolher a qualidade de transmissão, possui canal único (sem necessidade de abrir várias transmissões), transmite da câmera Sony Action Cam e a versão paga oferece diversos benefícios (pode ser paga apenas durante o mês de um evento específico).
- Pontos negativos: publicidade frequente (vídeo é interrompido para exibição de uma anúncio de 30 segundos) que pode ser de empresa que combate os movimentos sociais (agronegócio é mais comum), há limite para vídeos gravados no plano gratuito e é pesado para uso no celular.
- Melhor para: transmitir durante vários dias.
- Indicações: Web TVs e congressos de vários dias.
- Benefícios: permite escolher a qualidade de transmissão, possui canal único (sem necessidade de abrir várias transmissões), transmite da câmera GoPro e a versão paga oferece diversos benefícios (pode ser paga apenas durante o mês de um evento específico).
- Pontos negativos: há limite para vídeos gravados no plano gratuito e é pesado para uso com internet lenta e no celular.
- Melhor para: transmissão de áudio (apenas) ao vivo.
- Indicações: montar web rádio e transmitir evento só em áudio (ideal para quem estiver no trânsito).
- Benefícios: leve (pode ser acessado por internets muito lentas) e está na rede de internet da UnB (Universidade de Brasília).
- Pontos negativos: um pouco mais difícil de configurar (mas ao realizar o cadastro, você recebe um pequeno tutorial) e não possui aplicativo para celular.
- Melhor para: entrevista coletiva (seguidores do Twitter enviam perguntas pelo chat).
- Indicações: entrevista coletiva de alguma pessoa com boa popularidade.
- Benefícios: mais simples de transmitir e tem interatividade com o Twitter.
- Pontos negativos: bloqueado em muitos locais de trabalhos e ficou defasado tecnologicamente.
- Melhor para: transmissão de eventos curtos.
- Indicações: assembleias e cursos de um turno.
- Benefícios: é possível ajustar a quantidade de frames por segundo e possui planos pagos (com mais opções e qualidade).
- Pontos negativos: é preciso abrir uma nova transmissão toda vez que a internet cai (gerando links diferentes) e é pouco usado no Brasil (difícil encontrar dicas em fóruns na língua portuguesa).
por Arthur William Cardoso Santos | nov 6, 2014 | Comunicação Comunitária, convergência
Jogos eletrônicos estão presentes na vida de todas as pessoas. Não é coisa só de nerd não! Quem aqui, cansado do trabalho, já não abriu a Paciência no computador, jogos no Facebook ou um game no celular?!
Game é uma ferramenta lúdica para comunicação de temas áridos e que necessitam de apoio popular. Através dele, podemos demostrar uma situação com a qual todos se identificam causando solidariedade à causa do movimento social.
Uma categoria dos bancários, por exemplo, pode criar um jogo para denunciar o trabalho repetitivo de uma operador de caixa. Já os professores podem desenvolver algo que mostre a dificuldade de educar com uma sala de aula lotada.
Muitas ideias são possíveis. Para dar asas à imaginação, o sindicato deve procurar uma empresa especializada em games. Há muitas por aí, desde as mais complexas até as mais simples, inclusive algumas incubadas em universidades públicas e particulares.
Exemplo prático: Rally da Kennedy
Av Presidente Kennedy é a maior de Duque de Caxias e vive cheia de buracos. Prefeitura joga a culpa para o Governo do Estado que devolve para o prefeito. Poderíamos fazer uma grande reportagem com fotos, vídeos e texto para denunciar a situação, porém moradores de outras cidade não teriam interesse por esse tema que não os afeta.
Transformar o protesto em game ajudou a dar visibilidade à mobilização e ganhar o apoio de mais pessoas. O simples fato de ser um jogo eletrônico já cativou milhares de pessoas, dando visibilidade ao assunto tratado (buracos) e pressionando as autoridades a resolverem o problema, que, como retrata do game, colocava em risco a população, já que os buracos obrigavam os ônibus a trafegar na contra-mão.
Saiba mais:
por Arthur William Cardoso Santos | nov 5, 2014 | Comunicação Comunitária, convergência
Grande parte dos presentes às recentes manifestações são da geração Y, composta por nascidos pós 1980, considerados “nativos digitais”. Essa geração cresceu com os jogos eletrônicos, que lhes impunham desafios a serem superados. Há aí então uma percepção de que a estratégia do governo de aumento da repressão policial na verdade intensifica a mobilização social, isso porque trata-se de uma gamificação dos protestos. Quanto maior o desafio, mais instigados ficam os manifestantes, que bolam estratégias para vencer o grande adversário. Tal ponto de vista explica a elevação da mobilização após a repressão das forças policiais. A cada “fase”, os manifestantes encontram desafios mais difíceis e se aperfeiçoam para superá-los.
O compartilhamento de estratégias de ativismo é uma das consequências desse fenômeno, já que, além de superar os desafios, percebe-se a intenção de “vencer juntos o jogo”, assim como nos sites que divulgam tácticas para games. A mídia também adota um postura gamificada na medida em que atua em primeira pessoa e com a mesma postura que um manifestante. A chamada mídia NINJA trabalha com o mesmo ponto de vista que os presentes no protesto. Além disso, na oposição manifestantes x policiais, os comunicadores populares ficam juntos dos primeiros, já que possuam mais proximidade ideológica com os mesmos.
De outro lado, a imprensa comercial acompanha os fatos do alto de prédios e de helicópteros, sem conseguir mostrar os fatos com exatidão. Quando assumem uma ação no solo, acabam ficando do lado dos policiais, até mesmo por conta das frequentes agressões de jornalistas por parte de manifestantes. Espacialmente, a mídia livre e a mídia corporativa se opõem. A cobertura das mesmas segue linha idêntica.
O acontecimento que traduz melhor essa dinâmica foi a prisão de Bruno Ferreira Teles durante a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro em julho de 2013. Bruno foi levado para a delegacia acusado de jogar coquetel molotov em policiais que faziam a segurança do Palácio Guanabara. A imprensa ouviu apenas a voz da Polícia Militar que dizia ainda ter apreendido com o jovem uma mochila cheia de artefatos incendiários.
Após a negativa de sua soltura por parte do Tribunal de Justiça, começou uma campanha nas redes sociais para provar a inocência de Bruno Ferreira Teles. Em menos de 48 horas, dezenas de vídeos e fotos foram publicados mostrando que tratava-se da prisão de um inocente. Após essa mobilização, as TVs abertas passaram a divulgar o material produzido pelas mídias livres pressionando o Governo do Estado a soltar Bruno e arquivar seu processo. Todo o processo mostrou a força da organização em rede, o que podemos definir como a luta entre as forças de controle e da vida.
Na mesma ocasião, houve a comprovação do caráter rizomático da mídia livre em sua organização em rede distribuída. Isso porque ao se prender um dos midiativistas que faziam a cobertura da manifestação, outro imediatamente o substituía. Esse fenômeno é bem diferente da rede centralizada implementada pela TV Globo, na qual distribui seus conteúdos para centenas de emissoras afiliadas em todo o Brasil. Como no país cada empresa só pode ser dona de 5 geradoras, a Globo só possui antenas em Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. As outras integrantes da rede apenas repetem o sinal, numa redação de extrema dependência.
A configuração de redes descentralizadas também ajudou na ação dos midiativistas. Quando a ferramenta Twitcasting saiu do ar, migraram as transmissões para outro sistema sem deixar a comunicação ser interrompida. Essa dinâmica é a mesma da internet, onde quando um servidor cai, outro o suporta a conexão. Há de se atentar porém para o fato de existirem redes centralizadas entre os midiativistas. Tal característica é mais comum entre os veículos de comunicação alternativa que surgiram antes de 2013. O Jornal A Nova Democracia e a revista Vírus Planetário possuem quadro fixo de jornalistas. Quando um dos comunicadores é detido pela polícia, a cobertura fica prejudicada. Situação similar ocorre com a Mídia NINJA ao centralizar sua coordenação no grupo Fora do Eixo. Acabam atuando como ‘autoridade’ e não como ‘hub’. Autoridades são veículos com o propósito de difundir informação, falando mais e interagindo pouco. Já os ‘hubs’ fazem circular informações produzidas por parceiros. A postura de autoridade é exercida por portais currais como G1, Estadão, além da Mídia NINJA no período inicial. A participação de um Hub permite a intensa troca entre os nós criando uma comunidade de mídiativismo com múltiplas conexões e formatos.
por Arthur William Cardoso Santos | out 9, 2014 | Comunicação Comunitária, rádio, rádio comunitária
A principal característica de uma rádio comunitária é que ela se dirija a uma comunidade da qual faça parte, o que não significa necessariamente que seu público se restrinja ao “local”. Para o jornalista brasileiro Arthur William, é esse o sentido do aplicativo que criou, o RadCom, dedicado exclusivamente às rádios comunitárias.
O aplicativo começou com um mapeamento inicial de 70 rádios e tem no momento um total de 152, originárias da América do Norte e América Latina, Europa, África e Oceania. Por ser colaborativo, a ferramenta permite que as rádios se cadastrem e passem a fazer parte dela.
Com a ajuda do escritório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Bangcoc, o aplicativo chegou esta ano à Ásia, onde a questão do idioma era uma barreira.
A intenção, explica Arthur, é aproximar as rádios comunitárias e criar uma comunidade global. “Sempre senti cada rádio falando apenas para seu local. Não entendiam que a comunidade pode ser muito mais do que um território. Ela pode ser de interesses, algo que o surgimento das redes sociais já apontava”, diz.
Disponível em português, inglês e espanhol e para os sistemas operacionais Android e iOS, além de ser instalável nos computadores pessoais, o aplicativo é fácil e prático de usar. É possível fazer buscas por país, cidade e também pelo nome de uma rádio específica. Na tela inicial, o aplicativo traz alguns destaques e sugestões para o usuário.
Morador de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Arthur já sente mudanças na própria comunidade: “Se antes ela era vista como algo pequeno, pobre e de audiência limitada, agora as pessoas passam a enxergar que fazem parte de um rede mundial. E que são ouvidas por pessoas de todo o planeta, e que podem se inspirar no que os outros estão fazendo e inspirar também. Assim, dá mais ânimo para quem faz rádio comunitária, que é um tarefa voluntária, sem fins lucrativos e muitas vezes criminalizada”.
Confira a entrevista com o autor, Arthur William, publicada pela UNESCO em Bangcoc.
Você pode nos contar como surgiu a ideia por trás do RadCom Radios?
Eu desenvolvi o aplicativo RadCom Radios para facilitar o acesso às rádios comunitárias. Enquanto eu faço rádio comunitária no Brasil, posso pensar que estou sozinho no mundo, mas isso não é verdade. Com este aplicativo, você, como um operador de rádio, pode descobrir muitas estações como a sua. Esta descoberta oferece rádios comunitárias como incentivo e motivação para continuar suas lutas diárias.
Agora sobre o desenvolvimento do aplicativo. Como ocorre?
O RadCom Radios foi desenvolvido em uma cidade pobre no estado do Rio de Janeiro. Eu acho que as inovações sempre vêm desses lugares, porque as pessoas pobres precisam ser criativas para sobreviver. Elas precisam de conhecimento tecnológico para conseguir fazer com que sua mensagem seja externalizada, e isto acontece também na rádio comunitária.
Elas têm programas inovadores e criativos, mas poucas pessoas sabem sobre eles. Suas inovações são limitadas pela potência de seus transmissores ou pelo número de pessoas que acessam seus sites. Existem outros aplicativos que você pode usar para ouvir rádios comunitárias com smartphones, mas é difícil escolher especificamente as emissoras comunitárias.
E sobre a questão do idioma? As rádios comunitárias, muitas vezes, atendem a um público com um nível linguístico muito específico. Estas transmissões ainda seriam relevantes fora destas áreas?
Outro [objetivo do aplicativo] é estabelecer uma rede mundial de informação e cultura. Eu não preciso entender tétum – idioma predominante no Timor-Leste –, por exemplo, para apreciar a música, vozes e sotaques desta região que o aplicativo pode transmitir. Isso na verdade ajuda a aproximar as culturas.
Qual o papel que você imagina que os órgãos e grupos internacionais de desenvolvimento exerçam sobre o futuro deste aplicativo?
É muito importante que as instituições internacionais como a UNESCO ajudem a promover iniciativas como esta. A participação das rádios comunitárias em todo o mundo através deste aplicativo vai ajudar na luta pela liberdade de expressão e o direito à comunicação.
FONTE: ONU Brasil.
por Arthur William Cardoso Santos | ago 1, 2014 | Comunicação Comunitária
Foi com grande surpresa que vi o nome do meu projeto de mestrado na lista de “grupos organizados” no inquérito da Operação Firewall 2, que mandou prender 21 pessoas na véspera da final do Mundial da FIFA. Desenvolvido na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), sob orientação da professora doutora Alita Sá Rego, o Rebaixada pesquisa a atuação da mídia alternativa nos megaeventos do Rio de Janeiro (Copa do Mundo, JMJ, Olimpíadas…).
O mestrado é do programa “Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas” e tem sua sede no campus da UERJ na Baixada Fluminense. Como todos os projetos de minha orientadora, desenvolvi uma parte prática do trabalho: o portal Rebaixada. Sua construção se deu em oficinas realizadas com estudantes e moradores vizinhos da Universidade, processo todo documentado no site.
O portal Rebaixada é um laboratório que experimenta tecnologias usadas pelos midiativistas durantes as recentes manifestações: mapas, wikis, games, agregadores, streaming, tradução, entre outras. Foi desenvolvido em software livre com código aberto. Sua principal funcionalidade é o Web Scraping, ou seja armazenar todas as informações produzidas pelas mídias alternativas para avaliação. Isso porque o Facebook é um “walled garden“, um sistema fechado cujo dono pode apagar qualquer conteúdo, dificultando a pesquisa acadêmica.
Algumas experiências do Rebaixada ganharam destaque internacional de instituições como a UNESCO.

Um pouco do que já saiu sobre o projeto Rebaixada em todo o mundo:
por Arthur William Cardoso Santos | jul 13, 2014 | Comunicação Comunitária
As Jornadas de Junho foram uma série de protestos organizados em todo o Brasil no contexto do direito à cidade. Nasceu como um movimento contrário ao aumento das tarifas dos ônibus urbanos, mas estendeu sua pauta a outros temas ligados aos megaeventos como gentrificação, opressão policial em favelas (UPP), corrupção e falta de participação social nas esferas de governo. No Rio de Janeiro, as mobilizações começaram em junho de 2013 e terminaram em julho de 2014, ocasião da final da Copa do Mundo realizada no estádio do Maracanã. Entre 2007 e 2016, a cidade sediou um conjunto de eventos internacionais que impactaram sua dinâmica social: Jogos Pan-Americanos (2007), Jogos Mundiais Militares (2011), Rio+20 (2012), Copa das Confederações (2013), Jornada Mundial da Juventude (2013), Copa do Mundo (2014), Olimpíadas (2016) e Paralimpíadas (2016). O movimento brasileiro também ocorreu em sintonia com outras ações similares pelo mundo, como Primavera Árabe (2010), Occupy Wall Street (2011), 15M/Indignados (2011)[4] e Praça Taksim (2013).

Pautas
Mobilidade Urbana
Os protestos de Junho de 2013 tiveram início após o aumento de 20 centavos na tarifa dos ônibus urbanos do Rio de Janeiro. Após o recuo da Prefeitura, a pauta passou a ser a “Tarifa Zero”. Em paralelo, a Câmara dos Vereadores instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os problemas no transporte público da capital carioca. Em julho de 2013, um protesto foi organizado na frente do hotel Copacabana Palace, onde ocorria o casamento da neta do maior empresário de ônibus do Rio, Jacob Barata. O ato ficou conhecido como o “Casamento da Dona Baratinha”. Já em 2014, as manifestações passaram a focar em outros meios de mobilidade urbana, como trens e barcas.
Megaeventos
Entre 2013 e 2014, o Rio vivenciou três megaeventos. Neste contexto, foram várias as manifestações contrárias aos problemas que esses eventos traziam para os moradores da cidade. Em Junho de 2013, por exemplo, o segundo grande protesto aconteceu justamente durante partida da Copa das Confederações no Maracanã. Um mês depois, já ocorria a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento da Igreja Católica que reuniu milhões de pessoas de todo o mundo na praia de Copacabana, após cancelamento do local previsto em Guaratiba por conta de chuvas no bairro. A demolição do estádio de atletismo Célio de Barros, a privatização do Maracanã e o incipiente legado da Copa também foram pautas de atos.
Gentrificação
Como face da reorganização urbana por conta dos megaeventos, a gentrificação tornou patente a desigualdade social na cidade do Rio de Janeiro. Em dezembro de 2013, foi organizado um “Farofaço” na praia de Ipanema com o objetivo de protestar contra a discriminação na Zona Sul de banhistas de favelas e periferias. Já em janeiro de 2014, foi promovido um “Rolezinho” no Shopping Leblon, que fechou as portas na data marcada para impedir a entrada dos jovens da periferia.
Educação
Os profissionais da Educação tiveram grande protagonismo nas Jornadas de Junho de 2013. A greve da categoria mobilizou professores tanto da rede estadual, quanto do município do Rio. Os principais focos dos protestos foram a Câmara Municipal, na Cinelândia, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O período também contou com o fechamento da universidade Gama Filho e a tentativa de demolição da Escola Municipal Friedenreich, localizada nas proximidades do estádio do Maracanã.
Saúde
Apesar da demolição do hospital do IASERJ ter ocorrido em 2012, no ano posterior a mobilização ainda estava ativa. Em novembro de 2013, foi promovido o “Arrastão Cultural pela Saúde” na Praça da Cruz Vermelha cobrando a punição dos responsáveis pelo fechamento do hospital que funcionava no local.
Remoções
Uma das principais ações do poder público no contexto dos megaeventos foi a remoção de comunidades e ocupações com a justificativa do atendimento ao projeto de planejamento urbano. Aldeia Maracanã, Favela Metrô-Mangueira, Favela da Telerj e Vila Autódromo foram algumas das que sofreram com a violenta ação do Estado na tentativa de retirar seus moradores dos locais de moradia.
Violência Policial
A ocupação de favelas pela Polícia Militar através da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi a maior ação do Estado no quesito da Segurança Pública durante os megaeventos. Com a grande opressão policial e o reduzido investimento social, moradores de favelas organizaram manifestações e se incorporaram a outras. No período, houve a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza na favela da Rocinha e do idoso José Joaquim de Santana em Manguinhos. Junho de 2013 também ficou marcado pela Chacina de Maré, que resultou na morte de 10 pessoas. Outros protestos ocorreram por conta de prisões arbitrárias de manifestantes, como o estudante Bruno Ferreira Teles e o catador Rafael Braga.
Corrupção
As denúncias de corrupção contra o então governador Sérgio Cabral Filho o tornaram um dos maiores focos dos protestos entre 2013 e 2014 com manifestações em frente a seu apartamento no Leblon e na sede do Governo do Estado no Palácio Guanabara, com destaque para as seguintes: Ocupe Delfim Moreira, Ocupa Cabral, Cabralhada, Fora Cabral e Ocupa Guanabara.
Liberdade de Expressão
Além da repressão policial, os manifestantes das Jornadas de Junho de 2013 foram criminalizados pela mídia tradicional, por isso houve a promoção de protestos na sede da TV Globo no Jardim Botânico. A proibição do uso de máscaras nos protestos também foi alvo de mobilizações, assim como o impedimento da realização de bailes Funk nas favelas pela UPP.
Protestos entre Junho de 2013 e Julho de 2014
Data |
Local |
Protesto |
13/06/2013 |
Candelária-Cinelândia |
Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
16/06/2013 |
São Cristóvão |
Protesto no jogo México x Itália (Copa das Confederações) |
17/06/2013 |
Candelária-Cinelândia-ALERJ |
Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
19/06/2013 |
Niterói |
Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus (Niterói) |
20/06/2013 |
Av Presidente Vargas |
O Gigante Acordou |
21/06/2013 |
Duque de Caxias e Nova Iguaçu |
Passeatas na Baixada Fluminense |
21/06/2013 |
Leblon |
Ocupe Delfim Moreira |
27/06/2013 |
Av Rio Branco |
Ato Nacional ‘Tarifa Zero’ |
30/06/2013 |
Leblon |
Ocupa Cabral |
30/06/2013 |
Tijuca |
Final da Copa das Confederações |
02/07/2013 |
Favela da Maré |
Ato Ecumênico (Chacina da Maré) |
03/07/2013 |
Jardim Botânico |
Ocupa TV Globo |
08/07/2013 |
Botafogo |
Protesto dos Moradores da Favela Santa Marta |
11/07/2013 |
Centro |
Ato Unificado dos Movimentos Sociais |
11/07/2013 |
Palácio Guanabara |
Ocupa Guanabara |
13/07/2013 |
Copacabana |
Casamento da Dona Baratinha |
14/07/2013 |
Laranjeiras |
Protesto no Palácio Guanabara |
17/07/2013 |
Leblon |
Ocupa Cabral |
19/07/2013 |
Rocinha |
Cadê o Amarildo |
22/07/2013 |
Palácio Guanabara |
Visita do Papa Francisco |
25/07/2013 |
Leblon |
Missa de 7º dia dos Manequins da Toulon |
26/07/2013 |
Copacabana |
Protesto na JMJ |
27/07/2013 |
Copacabana |
Marcha das Vadias |
01/08/2013 |
Rocinha |
Cadê o Amarildo? |
07/08/2013 |
Jardim Botânico |
Protesto na TV Globo |
08/08/2013 |
– |
Greve dos Profissionais da Educação |
08/08/2013 |
Centro |
Ocupação da Câmara dos Vereadores (CPI dos Ônibus) |
11/08/2013 |
Rocinha |
Cadê o Amarildo? |
12/08/2013 |
Laranjeiras |
Protesto no Palácio Guanabara |
14/08/2013 |
Botafogo |
Protesto no Palácio da Cidade |
17/08/2013 |
Alto da Boa Vista |
Protesto no casa do prefeito Eduardo Paes |
18/08/2013 |
Copacabana |
Protesto de professores em greve |
19/08/2013 |
Centro e Catete |
Protestos no Centro e na Zonal Sul |
21/08/2013 |
Botafogo |
Ato contra privatização do Maracanã |
22/08/2013 |
Leblon-Ipanema |
Ato contra o genocídio negro |
27/08/2013 |
Laranjeiras e Lapa |
Ato Fora Cabral |
03/09/2013 |
Cinelândia |
1º Grande Baile de Máscaras – Pelo livre direito a manifestação |
07/09/2013 |
Centro |
Grito dos Excluídos |
07/09/2013 |
Laranjeiras |
Protesto Palácio Guanabara |
25/09/2013 |
Centro |
Protesto na ALERJ |
26/09/2013 |
Cinelândia |
Professores ocupam Câmara dos Vereadores |
28/09/2013 |
Cinelândia |
Professores são retirados da Câmara dos Vereadores |
01/10/2013 |
Centro |
Protesto de Professores na Câmara de Vereadores |
04/10/2013 |
Tijuca-Cidade Nova |
Protesto de Professores na Prefeitura |
07/10/2013 |
Centro |
Protesto de Professores na Câmara de Vereadores |
15/10/2013 |
Centro |
Dia do Professor |
17/10/2013 |
Gávea |
Black PUC |
22/10/2013 |
Barra da Tijuca |
Leilão do Petróleo |
31/10/2013 |
Centro |
Grito da Liberdade |
06/11/2013 |
Cinelândia |
Nova ocupação da Câmara dos Vereadores |
07/11/2013 |
Prefeitura do Rio |
Ato contra a remoção da Vila Autódromo |
08/11/2013 |
Cinelândia |
Greve de Fome |
20/11/2013 |
Cinelândia |
1° UPP – UH UH UH Prêmio de Protestos |
29/11/2013 |
IASERJ |
Arrastão Cultural pela Saúde |
30/11/2013 |
Jardim Botânico |
Ato Abaixo a Rede Globo |
01/12/2013 |
Cinelândia |
Gravação do vídeo ‘Hoje a rua é sua, a rua é nossa, é de quem vier, quem quiser’ |
02/12/2013 |
Copacabana |
Ato contra o governador Sérgio Cabral |
06/12/2013 |
Maracanã |
Ato no Célio de Barros |
07/12/2013 |
Maré |
5 anos da morte do menino Matheus |
07/12/2013 |
Santa Teresa |
Back on Track – de volta aos trilhos |
08/12/2013 |
Ipanema |
Farofaço |
08/12/2013 |
Copacabana Palace |
Protesto contra Bill Clinton |
15/12/2013 |
Maracanã |
Remoção da Aldeia Maracanã |
18/12/2013 |
Manguinhos |
Morte de morador na UPP |
20/12/2013 |
Candelária-Cinelândia |
Protesto contra o Aumento das Tarifas de Ônibus |
21/12/2013 |
Ipanema |
Toplessaço |
23/12/2013 |
Cinelândia |
Celebração da Rua – Mais amor, menos capital |
07/01/2014 |
Mangueira |
Remoção da Favela Metrô-Mangueira |
09/01/2014 |
Maracanã |
1 ano sem o estádio Célio de Barros |
10/01/2014 |
Linha Vermelha |
Protesto na Linha Vermelha |
12/01/2014 |
Praça XV |
Abertura não oficial do Carnaval (OcupaCarnaval) |
14/01/2014 |
Centro |
Protesto de alunos da Gama Filho |
16/01/2014 |
Centro |
Ato contra o aumento da passagem |
19/01/2014 |
Leblon |
Rolezinho no Shopping Leblon |
25/01/2014 |
Copacabana |
Copa para quem? |
28/01/2014 |
Central do Brasil |
Catracaço |
28/01/2014 |
Central do Brasil |
Passe Livre na Supervia |
06/02/2014 |
Av Presidente Vargas |
Protesto na Central do Brasil |
10/02/2014 |
Centro |
Ato contra o aumento das passagens |
13/02/2014 |
Av Presidente Vargas |
Grande Ato pela redução das passagens |
20/02/2014 |
Praça XV |
Ato contra o aumento das passagens (Barcas) |
25/02/2014 |
Centro |
Ato Unificado contra a Criminalização das Lutas |
27/02/2014 |
Centro |
Cabralhada / OcupaCarnaval |
28/02/2014 |
– |
Greve dos Garis |
09/03/2014 |
Tijuca-Maracanã |
BlocAto |
11/04/2014 |
Engenho Novo |
Remoção da Favela da Telerj |
27/04/2014 |
Santa Marta |
Copa Popular |
12/06/2014 |
Lapa |
Início da Copa do Mundo |
16/06/2014 |
Tijuca-Maracanã |
Jogo da Copa no Maracanã |
13/07/2014 |
Tijuca |
Final da Copa do Mundo |
dede