Twitcasting, Hangout, Ustream, Twitcam, Livestream, Bambuser… são muitas as possibilidades de transmissão ao vivo pela internet. Cada solução de streaming é mais apropriada para uma ocasião específica. Vou explicar um pouco melhor cada uma delas.
Melhor para: atividade de rua como protestos, eventos não planejados (pode transmitir do próprio celular).
Indicações: transmitir ao vivo a negociação entre a representação patronal e uma comissão após passeata (ajuda a manter a mobilização e a viralizar a ação) ou protesto.
Benefícios: leve (com qualquer 3G é possível trasmitir) e interativa (possui chat com comentário de Facebook e Twitter).
Pontos negativos: baixa qualidade de vídeo e som ruim no celular (por conta do microfone ambiente e direcionado para quem segura o smartphone).
Melhor para: eventos planejados (com internet banda larga fixa) e debates a distância (com participantes em cidades diferentes).
Indicações: transmissão de assembleias, debate com convidados cada um em sua casa (ideal para sindicatos estaduais e nacionais) e oficinas práticas.
Benefícios: alta definição de vídeo (HD), muda de câmera automaticamente para quem estiver falando, permite mudar de câmera manualmente, é possível compartilhar a tela (ideal para oficinas e tutoriais), já salva a transmissão no YouTube, quem chegar atrasado pode voltar a transmissão para o início e ajusta a qualidade automaticamente de acordo com a velocidade da internet.
Pontos negativos: pesado (requer uma internet no mínimo boa), só transmite até 8 horas seguidas (para um evento de um dia inteiro é preciso abrir um novo hangout) e transmissão é fechada se internet cair (será preciso abrir novo hangout).
Indicações: Web TVs, Web Rádios e congressos de vários dias.
Benefícios: permite escolher a qualidade de transmissão, possui canal único (sem necessidade de abrir várias transmissões), transmite da câmera Sony Action Cam e a versão paga oferece diversos benefícios (pode ser paga apenas durante o mês de um evento específico).
Pontos negativos: publicidade frequente (vídeo é interrompido para exibição de uma anúncio de 30 segundos) que pode ser de empresa que combate os movimentos sociais (agronegócio é mais comum), há limite para vídeos gravados no plano gratuito e é pesado para uso no celular.
Benefícios: permite escolher a qualidade de transmissão, possui canal único (sem necessidade de abrir várias transmissões), transmite da câmera GoPro e a versão paga oferece diversos benefícios (pode ser paga apenas durante o mês de um evento específico).
Pontos negativos: há limite para vídeos gravados no plano gratuito e é pesado para uso com internet lenta e no celular.
Melhor para: transmissão de áudio (apenas) ao vivo.
Indicações: montar web rádio e transmitir evento só em áudio (ideal para quem estiver no trânsito).
Benefícios: leve (pode ser acessado por internets muito lentas) e está na rede de internet da UnB (Universidade de Brasília).
Pontos negativos: um pouco mais difícil de configurar (mas ao realizar o cadastro, você recebe um pequeno tutorial) e não possui aplicativo para celular.
Benefícios: é possível ajustar a quantidade de frames por segundo e possui planos pagos (com mais opções e qualidade).
Pontos negativos: é preciso abrir uma nova transmissão toda vez que a internet cai (gerando links diferentes) e é pouco usado no Brasil (difícil encontrar dicas em fóruns na língua portuguesa).
A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) divulgou este ano uma pesquisa que avalia o consumo de mídia pelos brasileiros. O objetivo é planejar melhor a destinação das verbas publicitárias do Governo Federal.
São indicadores importantes para quem faz comunicação. Os dados mostram uma queda muito grande na leitura de impressos, principalmente de revistas. Os jornais, contudo, mostram um fôlego nos estados onde há circulação de edições populares e com linguagem mais objetiva como Metro, Destak, além de Meia Hora (Rio) e Agora São Paulo.
Isso acontece porque, apesar da queda dos tradicionais O Globo, Estadão e Folha, o acesso das classes C, D e E à educação criou um novo público leitor. Tal informação mostra que o jornal ainda é um meio de comunicação importante principalmente para o contato com a periferia das grandes cidades.
Por outro lado, a linguagem desses jornais é bem diferente da praticada por movimentos sociais. Os textos são curtos e objetivos com destaque para ilustrações e fotos.
TV e rádio lideram. Internet vem atrás
Apesar de toda presença da internet em nossas vidas, TV e rádio ainda (e digo ‘ainda’ porque mudará em breve) são os principais meios de acesso à informação da maioria dos brasileiros. De tal maneira que um movimento social não pode ignorar esses veículos e jogas todas suas fichas na internet (e vice-versa).
Planejamento de mídia é fundamental
Saber como seu público-alvo lida com as diversas mídias é essencial para fazer uma comunicação exitosa. Realizar uma pesquisa como a do Governo Federal com sua categoria é mais simples do que imagina. É possível contratar um instituto de pesquisa ou fazer uma parceria com alguma universidade que possua curso de Geografia ou Estatistica.
Com base nessas informações, será possível planejar em quais mídias atuará e com qual energia (tempo e dinheiro) em cada uma.
Jogos eletrônicos estão presentes na vida de todas as pessoas. Não é coisa só de nerd não! Quem aqui, cansado do trabalho, já não abriu a Paciência no computador, jogos no Facebook ou um game no celular?!
Game é uma ferramenta lúdica para comunicação de temas áridos e que necessitam de apoio popular. Através dele, podemos demostrar uma situação com a qual todos se identificam causando solidariedade à causa do movimento social.
Uma categoria dos bancários, por exemplo, pode criar um jogo para denunciar o trabalho repetitivo de uma operador de caixa. Já os professores podem desenvolver algo que mostre a dificuldade de educar com uma sala de aula lotada.
Muitas ideias são possíveis. Para dar asas à imaginação, o sindicato deve procurar uma empresa especializada em games. Há muitas por aí, desde as mais complexas até as mais simples, inclusive algumas incubadas em universidades públicas e particulares.
Exemplo prático: Rally da Kennedy
Av Presidente Kennedy é a maior de Duque de Caxias e vive cheia de buracos. Prefeitura joga a culpa para o Governo do Estado que devolve para o prefeito. Poderíamos fazer uma grande reportagem com fotos, vídeos e texto para denunciar a situação, porém moradores de outras cidade não teriam interesse por esse tema que não os afeta.
Transformar o protesto em game ajudou a dar visibilidade à mobilização e ganhar o apoio de mais pessoas. O simples fato de ser um jogo eletrônico já cativou milhares de pessoas, dando visibilidade ao assunto tratado (buracos) e pressionando as autoridades a resolverem o problema, que, como retrata do game, colocava em risco a população, já que os buracos obrigavam os ônibus a trafegar na contra-mão.
Grande parte dos presentes às recentes manifestações são da geração Y, composta por nascidos pós 1980, considerados “nativos digitais”. Essa geração cresceu com os jogos eletrônicos, que lhes impunham desafios a serem superados. Há aí então uma percepção de que a estratégia do governo de aumento da repressão policial na verdade intensifica a mobilização social, isso porque trata-se de uma gamificação dos protestos. Quanto maior o desafio, mais instigados ficam os manifestantes, que bolam estratégias para vencer o grande adversário. Tal ponto de vista explica a elevação da mobilização após a repressão das forças policiais. A cada “fase”, os manifestantes encontram desafios mais difíceis e se aperfeiçoam para superá-los.
O compartilhamento de estratégias de ativismo é uma das consequências desse fenômeno, já que, além de superar os desafios, percebe-se a intenção de “vencer juntos o jogo”, assim como nos sites que divulgam tácticas para games. A mídia também adota um postura gamificada na medida em que atua em primeira pessoa e com a mesma postura que um manifestante. A chamada mídia NINJA trabalha com o mesmo ponto de vista que os presentes no protesto. Além disso, na oposição manifestantes x policiais, os comunicadores populares ficam juntos dos primeiros, já que possuam mais proximidade ideológica com os mesmos.
De outro lado, a imprensa comercial acompanha os fatos do alto de prédios e de helicópteros, sem conseguir mostrar os fatos com exatidão. Quando assumem uma ação no solo, acabam ficando do lado dos policiais, até mesmo por conta das frequentes agressões de jornalistas por parte de manifestantes. Espacialmente, a mídia livre e a mídia corporativa se opõem. A cobertura das mesmas segue linha idêntica.
O acontecimento que traduz melhor essa dinâmica foi a prisão de Bruno Ferreira Teles durante a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro em julho de 2013. Bruno foi levado para a delegacia acusado de jogar coquetel molotov em policiais que faziam a segurança do Palácio Guanabara. A imprensa ouviu apenas a voz da Polícia Militar que dizia ainda ter apreendido com o jovem uma mochila cheia de artefatos incendiários.
Após a negativa de sua soltura por parte do Tribunal de Justiça, começou uma campanha nas redes sociais para provar a inocência de Bruno Ferreira Teles. Em menos de 48 horas, dezenas de vídeos e fotos foram publicados mostrando que tratava-se da prisão de um inocente. Após essa mobilização, as TVs abertas passaram a divulgar o material produzido pelas mídias livres pressionando o Governo do Estado a soltar Bruno e arquivar seu processo. Todo o processo mostrou a força da organização em rede, o que podemos definir como a luta entre as forças de controle e da vida.
Na mesma ocasião, houve a comprovação do caráter rizomático da mídia livre em sua organização em rede distribuída. Isso porque ao se prender um dos midiativistas que faziam a cobertura da manifestação, outro imediatamente o substituía. Esse fenômeno é bem diferente da rede centralizada implementada pela TV Globo, na qual distribui seus conteúdos para centenas de emissoras afiliadas em todo o Brasil. Como no país cada empresa só pode ser dona de 5 geradoras, a Globo só possui antenas em Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. As outras integrantes da rede apenas repetem o sinal, numa redação de extrema dependência.
A configuração de redes descentralizadas também ajudou na ação dos midiativistas. Quando a ferramenta Twitcasting saiu do ar, migraram as transmissões para outro sistema sem deixar a comunicação ser interrompida. Essa dinâmica é a mesma da internet, onde quando um servidor cai, outro o suporta a conexão. Há de se atentar porém para o fato de existirem redes centralizadas entre os midiativistas. Tal característica é mais comum entre os veículos de comunicação alternativa que surgiram antes de 2013. O Jornal A Nova Democracia e a revista Vírus Planetário possuem quadro fixo de jornalistas. Quando um dos comunicadores é detido pela polícia, a cobertura fica prejudicada. Situação similar ocorre com a Mídia NINJA ao centralizar sua coordenação no grupo Fora do Eixo. Acabam atuando como ‘autoridade’ e não como ‘hub’. Autoridades são veículos com o propósito de difundir informação, falando mais e interagindo pouco. Já os ‘hubs’ fazem circular informações produzidas por parceiros. A postura de autoridade é exercida por portais currais como G1, Estadão, além da Mídia NINJA no período inicial. A participação de um Hub permite a intensa troca entre os nós criando uma comunidade de mídiativismo com múltiplas conexões e formatos.
Canal da Cidadania é uma emissora de televisão que pode transmitir quatro programações por meio da TV Digital aberta. Com o Canal da Cidadania, cada cidade do Brasil ganha uma TV pública municipal, uma TV pública estadual e duas TVs comunitárias.
Fonte: canaldacidadania.org.br
Este projeto nasceu com o decreto que criou a TV Digital em 2006, mas só foi regulamentado em dezembro de 2012.
Através da multiprogramação, o Canal da Cidadania é dividido em quatro faixas:
TV pública municipal
TV pública estadual
TV Comunitária 1
TV Comunitária 2
Como pedir a concessão do Canal da Cidadania ao Ministério das Comunicações?
Basta a Prefeitura enviar um pedido ao Ministério das Comunicações com a comprovação da criação do Conselho Local (que vai fiscalizar o Canal da Cidadania). A cidade terá 12 meses para iniciar a transmissão (prorrogáveis por mais 12).
Quanto custa o Canal da Cidadania?
Existem orçamentos entre 90 mil e 1,6 milhões de reais. Depende do tamanho do município, do relevo e da capacidade de produção de vídeos (ao vivo e gravados). Mas cada cidade é um caso diferente.
Qual a programação do Canal da Cidadania?
Produzir vídeos é o mais caro de tudo, por isso o ideal é que a TV da prefeitura use a TV Escola como base da grade de programação, inserindo ao longo do dia alguns programas locais. Esse modelo é usado pela maioria das TVs estaduais as quais atuam em rede com a TV Brasil.
Como bancar o Canal da Cidadania?
É possível veicular anúncios institucionais de empresas públicas e privadas sem citar preço. Por exemplo: uma propaganda da Petrobras que não esteja vendendo gasolina. Outra possibilidade dos canais é receber financiamento do Fundo de Comunicação Pública. A EBC (Empresa Brasil de Comunicação) vai repartir o dinheiro com TV Senado, TV Câmara, TV Justiça, Anatel, TVs Comunitárias, universitárias, educativas e culturais, além dos canais da cidadania. Há também editais públicos para produção de programas.
Cada cidade pode ter sua TV pública
Essa é uma grande notícia já que após a transformação da TVE em TV Brasil, Rio de Janeiro, Brasília e São Luís ficaram sem uma televisão pública com conteúdo local. O mesmo pode acontecer com todas as cidades do país. A Prefeitura do Rio já iniciou este processo e a empresa pública MultiRio foi escalada para operar o Canal da Cidadania. Também foi criado um Conselho de Comunicação Social para fiscalizar a emissora.
A MultiRio já produz vídeos educativos que são veiculados na Band e no canal 26 da NET. Com o Canal da Cidadania, esses programas granhariam uma grade de programação inteira de uma estação de TV aberta.
A partir do dia 23, a TV Brasil (antiga TVE) estreia sua nova programação. Junto com os novos programas e as temporadas renovadas, vai entrar no ar o novo site da emissora.