Socialcast, mashups, computação em nuvem, mídias sociais e de compartilhamento: todas essas são palavras recentes no vocabulário das televisões. A radiodifusão tradicional abre espaço para as novas mídias substituindo o velho broadcast pelo socialcast.
A TV Brasil, emissora pública da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), alia estes conceitos em seu website www.tvbrasil.org.br e em sua presença nas mídias sociais.
Através do publicação de todo seu material multimídia em plataformas sociais de compartilhamento, a TV Brasil tem os seguintes benefícios:
Alívio no servidor do site (vídeos ficam armazenados fora do site)
Integração com o site da TV Brasil (através de mashups)
Distribuição pelas redes sociais (o chamado socialcast)
A TV pública federal utiliza as seguintes mídias sociais como plataformas de compartilhamento de seus conteúdos:
Mashup do YouTube na seção de vídeos do site da TV Brasil
Esta opção multiplica as telas de exibição do material produzido pela TV Brasil. Se os mesmos conteúdos fossem armazenados apenas no site da emissora pública, somente os usuários que entram no endereço www.tvbrasil.org.br poderiam ter acesso a eles.
Social Cloud (cloud computing nas mídias sociais): a publicação do material multimídia na nuvem das plataformas de compartilhamento alivia o servidor de hospedagem do site, além de permitir uma difusão alternativa (que pode vir a ser a principal) para os conteúdos: o socialcast.
Socialcast é a difusão de conteúdos pelas redes sociais. Para um canal de televisão, é essencial disponibilizar seus vídeos sob demanda na Web (VoD). Isto acontece pois a radiodifusão (broadcast) é unidirecional e linear, ou seja, se alguém perde a hora de um programa, nunca mais poderá rever determinado audiovisual. Além disto, uma grade de programação é limitada: 24 horas por dia, 7 dias por semana. A Web comporta muito mais conteúdos, on demand, em qualquer lugar do mundo, já que não ficam limitadas ao alcance da antena de transmissão.
Social cloud no Flickr: fotos do site da TV Brasil são armazenadas na nuvem da mídia social
Além disto, vale ressaltar que o investimento numa plataforma de distribuição Web é infinitamente menor do que a de uma grande infraestrutura de transmissão de TV. Ainda há duais grandes barreiras: a dificuldade de se encontrar um novo modelo de negócios que não seja pela publicidade em intervalos comerciais; e a baixa penetração da internet banda larga no Brasil.
Mas o cenário tende a mudar nos próximos anos com a implementação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e pelo fortalecimento do sistema público de comunicação, que não depende de verba publicitária para sobreviver. Este cenário futuro mostra que o investimento das empresas públicas de comunicação em Web é uma aposta que dará retorno num curto prazo.
Mashups integram mídias sociais a sites e blogs
Comentários do site da TV Brasil vêm do Twitter
Na ligação entre o maravilhoso mundo do social cloud (armazenamento na nuvem) e do socialcast (distribuição pelas redes sociais) entra o mashup.
Mashup é uma aplicação que liga mídias sociais em geral a sites e blogs. Isto acontece pois serviços como YouTube, Twitter, Flickr e Facebook tornam públicas suas APIs (código de integração) para desenvolvedores produzirem mashups. Com isso, é possível que um conteúdo audiovisual publicado no YouTube, por exemplo, seja acessado através da própria ferramenta de vídeos do Google e pelo site da TV Brasil, ampliando o alcance da TV pública e multiplicando as telas do canal.
Comentários via Twitter
Além de todas as fotos e os vídeos da TV Brasil serem armazenados fora do site, os comentários também são agregados via mashups.
Citações, comentários, críticas e elogios à emissora da EBC ou a um de seus programas são exibidos no site a partir da interatividade ocorrida no Twitter.
ISDB-Tb é muito mais que um padrão de TV digital. A solução nipo-brasileira é um sistema multimídia que permite a convergência dos antigos serviços de rádio e televisão. Além disto, possibilita a transmissão de dados para a interatividade mais avançada possível no mundo, através o middleware Ginga.
O ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting) possui uma flexibilidade para abrigar o chamado rádio digital: ISDB-Tsb (Terrestrial Segmented Band ou Terrestrial for Sound Broadcast).
ISDB permite HDTV, SDTV, mobile LDTV e Rádio Digital
Serviços multimídia no ISDB-Tsb
O ISDB-Tsb, ou N-ISDB (Narrowband ISDB), usa os 13 segmentos do ISDB para o rádio digital. É possível transmitir áudio com três segmentos (1290 kHz) ou com apenas um (430 kHz). A configuração do uso de 1 segmento para cada estação permite que os canais de rádio digital possam ser captados por receptores de TV Digital móvel, o chamado One Seg.
Resultado dos testes do rádio digital AM em São Paulo
Testes do rádio digital AM são ruins
O Sistema Globo de Rádio considerou muito ruins os testes, tanto do DRM como do HD Radio (IBOC da iBiquity), do rádio digital na faixa de frequências de OM (Ondas Médias), popularmente conhecida pelas emissoras que operam em AM (Amplitude Modulada – 525 a 1.705 kHz). As interferências, cada vez mais fortes nas grandes cidades, impossibilitariam a recepção do rádio digital nesta faixa.
Estas interferências não atrapalham tanto a faixa de VHF, onde atualmente estão presentes as rádios FM (88 a 108 MHz) e os canais 2 a 13 (54 a 216 MHz) de televisão.
ISDB-Tb em 9 países da América do Sul
ISDB-Tb (ou SBTVD) foi adotado por 12 países na América Latina, totalizando 370 milhões de habitantes:
Brasil
Argentina
Peru
Venezuela
Chile
Equador
Guatemala
Costa Rica
Paraguai
Bolívia
Nicarágua
Uruguai
E ainda, existe a possibilidade da adoção por países africanos de língua portuguesa como Angola e Moçambique, além de Botsuana. O diferencial é que lá um canal de televisão possui 8 MHz e não os 6 MHz da América Latina. Testes realizados na TPA (TV Pública de Angola) tiveram sucesso.
Receptores ISDB são baratos e convergentes
Rádios podem ser captadas por receptor de TV digital móvel One Seg e por televisores
O ISDB-Tb já está integrado a outros serviços, como telefonia móvel e navegadores por satélite. Existem diversos modelos a venda de celulares e aparelhos de GPS com TV digital One Seg. Há também receptores para notebooks, os chamados PenTV.
Veja a lista comparativa de preços de receptores:
DRM – 200 euros – 455 reais
HD Radio (IBOC) – Entre 49 e 199 dólares – 78 e 319 reais
ISDB-Tb One Seg (TV) – Entre 99 e 299 reais
O problema é que os receptores One Seg que estão no mercado brasileiro só recebem o segmento central, ou sejam apenas um segmento dos 13 disponíveis.
Rádio no VHF e TV no UHF
ISDB-Tsb pode usar 1 ou 3 segmentos dos 13 disponíveis
O SBTVD utiliza a banda de UHF para o serviço de faixa larga, como televisão SD (480 linhas), HD (720 linhas) ou Full HD (1080 linhas de resolução). Em 2016, todas as emissoras de TV serão digitais e ocuparão o UHF, deixando vagas as frequências no VHF.
Muito se discute sobre o uso do VHF após a digitalização da TV. As operadoras de telefonia estão de olho neste espaço e os radiodifusores não querem abrir mão, mas não têm uma resposta unificada sobre a destinação da banda.
Uma solução seria usar o VHF para a transmissão do rádio digital. O Japão testou o ISDB-Tsb em 4 MHz do canal 7 em Osaka e Tokyo com sucesso. Estes testes terminaram em 31 de março de 2011.
Japão: Rádio no VHF e TV no UHF
A recepção do rádio digital na faixa de VHF é possível pois a transmissão do áudio acontece em faixa estreita, já uma transmissão de vídeo não é recomentada, pois é banda larga.
Operador de rede para transmissão
Operador de rede no Rádio Digital com ISDB-Tsb
Um canal de 6 MHz do ISDB (com 13 segmentos) pode carregar vários sinais de áudio com 1 ou 3 segmentos cada. Mas, para tal, é preciso que a infraestrutura de transmissão seja compartilhada por mais de uma emissora através de um operador de rede.
O Operador de Rede (multiplex service) é comum na Europa, onde as emissoras públicas são fortes, e possui muitos benefícios:
Redução dos custos de transmissão
Menor impacto na natureza (menos antenas)
Isonomia na prestação do serviço
Facilidade de fiscalização
Melhor utilização do espectro eletromagnético (otimização)
BBC - Operador de Rede no Rádio Digital
No Brasil, existe a possibilidade de as rádios públicas,culturais, comunitárias, educativas e estatais serem transmitidas através de um Operador de Rede de Televisão Pública Digital, instituído pela Portaria 24/2009 do Ministério das Comunicações. Esta decisão do MiniCom reserva os canais UHF 60 a 69 (746 a 806 MHz) para as TVs públicas e as autoriza a fazer multiprogramação.
Padrão de áudio AAC
ACC (Advanced Audio Coding) é um dos mais modernos padrões de compressão de áudio existentes. Ele está presente no ISDB, no DRM e no DMB (DAB+). Por meio deste codec, é possível transmitir um áudio de alta qualidade com 144 kbps, ou até uma multiprogramação.
Transmissão de baixa potência para rádios comunitárias
Um dos grandes problemas dos padrões de rádio digital é a inadequação para emissoras de baixa potência, como rádios comunitárias (25W).
O ISDB tem uma configuração de SFN (rede de frequência única), possibilitando que várias geradoras utilizem a mesma frequência sem que uma interfira na outra. O SFN (single-frequency network) pode funcionar com diversos transmissores de baixa potência, chamados de Gap-Fillers. A ideia original é que os gap-fillers cubram as sombras (ou buracos) na transmissão em UHF, que não supera obstáculos como morros e bairros com muitos prédios.
Comparação dos custos de migração para o rádio digital:
DRM – US$ 70 a 90 mil
HD Radio (IBOC) – US$ 35 mil + US$ 5 mil (do software) = US$ 40.000
Maria Pía Matta Cerna divulga o RadioTube pelo twitter
Convergência tecnológica é uma palavra-chave das comunicações do futuro, e as rádios comunitárias se preparam para este cenário. O blog Arturo Ilha conversou com Maria Pía Matta Cerna, presidenta da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc).
Antes do bate-papo, realizado na Rádio Santa Marta, a ativista chilena foi entrevistada pelo Radiotube, rede social de compartilhamento de áudios para emissoras livres, públicas, comunitárias, universitárias e sem fins lucrativos. Pía Matta elogiou o projeto e em seu twitter, divulgou a iniciativa da ONG Criar Brasil, representante da Amarc Brasil.
Na última assembleia mundial da Amarc, o Radiotube recebeu propostas de internacionalização, já que boa parte dos comunicadores populares presentes ao evento indicou a criação de uma ferramenta nestes moldes.
A presidente da Amarc sugeriu que a rádio pressione o governo a oferecer banda larga de qualidade na comunidade, o que permitiria a audição da estação pelo site. Ela ressaltou a importância das rádios comunitárias se apropriarem das novas tecnologias, pois, em sua opinião, o modelo de desenvolvimento vem pela televisão e pelos dispositivos móveis.
Contudo, Maria Pía Matta Cerna lembra que é preciso uma ação do Estado para garantir a presença da comunicação comunitária nos serviços convergentes, pois já existe uma forte concentração no espectro eltromagnético. Para ela, a voracidade do mercado quer tudo: “se tem 10 mil frequências e agora vai ter 100 mil, eles querem as 100 mil”.
A ativista chilena acredita ser preciso fazer algo rapidamente para corrigir a concentração, já que a comunicação comunitária chegou tarde na divisão do espectro: “isso é um problema grave, não só para a rádio, mas para a democracia no mundo”, resume.
Blog 'Diário de Natália' é ação transmídia na TV Brasil
Transmedia storytelling é a construção de uma narrativa transmidiática em que é contada uma história diferente para cada plataforma.
Está na moda a tal da transmídia e olha que muita gente ainda confunde com o crossmedia, onde um mesmo conteúdo é distribuído para várias plataformas.
A TV Brasil possui uma experiência neste sentido que é a minissérie Natália. A personagem que dá nome ao programa possui um blog, o Diário de Natália, no qual escreve, em primeira pessoa, quatro posts por semana (a série é transmitida aos domingos):
1° post imediatamente após o episódio ir ao ar com o principal eixo do capítulo
2° post na terça-feira com relato sobre os acontecimentos passados
3° post na quinta-feira com relato sobre os acontecimentos passados
4° post a dois dias do próximo episódio, já preparando o público para o desenrolar da trama
Através do blog, a personagem pode mediar polêmicas levantadas na tela, como religião, homossexualidade (há dois beijos homoafetivos na trama), pobreza e aborto. Como a série já está toda gravada, a personagem pode contornar conflitos pela web, o que não seria possível no produto audiovisual.
Para cuidar do diário, foi contratada uma profissional que leu o roteiro e assistiu a todos os capítulos antes de Natália ir ao ar. No caso, isto ocorreu porque a ação transmídia só foi construída após a produção da minissérie.
Natália usa Facebook para comentar cenas
Facebook da Natália em primeira pessoa
Na rede social Facebook, Natália possui um perfil onde faz chamadas para o blog e opina sobre situações vividas pela personagem.
Por exemplo, Natália postou uma foto do casamento do príncipe William com Kate Middleton, ocorrido após as gravações da série, e utilizou a seguinte legenda: “Um casamento tipo Branca de Neve é o sonho de muitas garotas da minha idade“.
Publico aqui a versão 0.1 de um aplicativo interativo para TV Digital com o qual seria possível ouvir as rádios comunitárias locais através do canal da TV comunitária.
O aplicativo em questão foi desenvolvido em NCL (Nested Context Language), linguagem do Ginga, middleware do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), cujo nome técnico é ISDB-Tb.
Rádios Comunitárias e TVs Públicas na TV Digital interativa via Giga-NCL
Multiplexando conteúdos em um mesmo canal
Cada canal de TV, no Brasil, possui 6 MHz de banda. No padrão nipo-brasileiro, este espaço é dividido em 13 segmentos para atender aos mais diversos serviços, entre eles: SDTV (imagem de definição padrão 640×480 linhas de resolução), HDTV (1920×1080), LDTV (para dispositivos móveis), EPG (guia eletrônico de programação), interatividade (em Ginga NCL e J, Java) e outras opções de datacasting (transmissão de dados).
No caso do experimento acima, os seguintes conteúdos seriam multiplexados para a transmissão em uma mesma portadora (sinal de transporte):
– SDTV da TV Comunitária
– LDTV para OneSeg (transmissão para terminais móveis) da TV Comunitária
– SDTV da TV Universitária
– Streaming de quatro rádios comunitárias da localidade
Como funciona
Ao acessar a TV Digital aberta (via celular ou televisor), seria identificada ao usuário a oportunidade de interação. Para tal, aconteceria a exibição de um ícone no canto superior esquerdo da tela.
Quanto selecionado o botão vermelho do controle remoto (padrão internacional para início de aplicativos), a interatividade propriamente dita seria aberta.
A partir daí, o vídeo principal seria redimensionado e um menu disparado. Ao selecionar uma estação de rádio, o áudio da TV Comunitária seria mutado e o usuário ouviria apenas o desejado.
Rádio por redes de banda larga
No caso de a transmissão não poder carregar os quatro streamings de áudio, a solução seria ligar o set-top box (receptor) na internet para acessar as Web Rádio previstas pelo aplicativo interativo da TV. Da mesma forma, aconteceria no celular ligado a redes Wi-Fi e 3G.
Esta ideia está sendo executada por fabricantes de televisores e receptores que optam por implementar a chamada Broadband TV (acesso a ferramentas como Twitter e YouTube pela TV).
Segundo informações da revista ‘Meio & Mensagem’, já estão em produção, nos EUA, rádios automotivos com acesso a redes banda larga sem fio, para recepção de Web Rádios.
Proposta colaborativa
Esta proposta passa por constantes atualizações a partir das sugestões e críticas enviadas.